Agitação é o que não falta em Bela Vida e o casamento de Fatinha e António irá provocar uma profunda alteração na população. Uma das pessoas que mais se vai sentir afetada com a boda é Manuela. Em novo dia de consultas, o Sôtor apercebe-se de que algo se passa com ela e pergunta-lhe a que se deve aquele estado de apreensão. Após muita insistência, ele percebe que é por causa do casamento e ela justifica-se. “Eu sei que o Sôtor pode achar que é inveja…”, começa por dizer, algo que ele nega. “Ainda bem… Custa-me ver os meus amigos de infância a juntar os trapinhos. É estranho. E deixa-me confusa. Parece que crescemos muito rápido e agora, pronto, somos adultos à séria e lá se vão as coisas fixes da nossa infância, da nossa adolescência”, lamenta.
Com calma, o médico lembra que “é a vida a acontecer”, mas ela insiste. “Está certo, mas não quero que de repente toda a gente fique uma seca. Tem de concordar, os adultos são uma seca. Já quando começámos todos a trabalhar, eu senti isso…”, continua, referindo que têm um emprego e andam a pagar impostos e isso é pouco divertido. “Vamos todos viver num mundo de gente demasiado adulta, demasiado séria, com vidas de adultos, problemas de adultos…”, esclarece Nelinha, provocando várias gargalhadas no amado. “Não quero passar para o mundo dos chatos”, prossegue ela. “Então não passe. Mas também tem de se adaptar, sua maluquinha. É a vida a acontecer e não tem mal nenhum”, confidencia o profissional de saúde, provocando mais uma dúvida existencial na amada. “Então andamos todos cá para estudar, trabalhar, pagar impostos e ir de férias uma semana no verão, é isso? Não quero é crescer. E as outras pessoas não deviam querer também”, acredita a rapariga.
“Como vai ser o futuro?”
O médico continua a chamá-la à razão, dizendo-lhe que todas as fases, todas as idades são boas. “Olhe a dona Corcovada. Tem aqueles anos todos e continua sempre em festa. Cada um anda a viver a sua vida. Mas uma coisa lhe digo, crescer tem um lado ótimo”, continua, referindo que a vida não tem de ser chata, nem têm de deixar de fazer algumas coisas. “E mesmo que tenhamos, passamos a fazer outras. Temos mais liberdade, temos alguma independência financeira se tudo nos correr bem… Casamos, temos filhos… É bom crescer. Aumentam as possibilidades de sermos felizes e realizados”, adianta Sôtor. É aí que Nelinha diz não ver as coisas assim e ele faz-lhe uma proposta inesperada. “Então como é que vai ser o futuro? Quer casar comigo?” Apavorada com o que acaba de ouvir, a secretária arregala os olhos e não diz nada, fugindo. “É mesmo maluca… Mas eu adoro-a!”, grita ele, já sozinho no gabinete.