Mia vai mesmo candidatar-se à Junta de Freguesia de Rio Meandro e tentar roubar o lugar a Rui. Os dois terão direito a um debate popular, que terá um desfecho surpreendente.
Na sua primeira intervenção, o marido de Helena logo ataca a rival, acusando-a de não conhecer bem a terra. “O Rui tem razão, realmente não sei o caminho para o Poço do Vento e certamente não sei o caminho para muitos outros lugares. No entanto , tenho outros conhecimentos. Conheço as pessoas. Conheço por exemplo a dona Celeste da levada , o senhor Chico, a Ti Arminda”, riposta ela, referindo todos os problemas que estes três habitantes têm. “Estou a dar -lhe a minha resposta: Para mim, o principal não é qual a estrada que leva aqui ou ali, para isso ligo o GPS! Para mim o principal são as pessoas! O Rui fala tanto em progresso, nos seus mil e um planos incríveis, mas nem por uma vez o ouvi falar no povo!Afinal quem é que representa? É o povo, as pessoas que vivem aqui, ou as empresas e o dinheiro que lhe enchem os bolsos?”. Mónica sorri, orgulhosa, enquanto Amélia começa a bater palmas, entusiasmada, mas logo se cala.
O debate prossegue e Mia finaliza a sua participação: “O que quero dizer é que , quando cheguei a Rio Meandro, não esperava nada disto. Não esperava apaixonar -me… Não esperava que esta terra me escolhesse… Porque sinceramente não fui eu que escolhi vir para Rio Meandro, foi a vida que me trouxe aqui. E podem achar que sou uma miúda inexperiente… E se calhar até têm razão. Mas isso não me impede de lutar com toda a minha determinação. Não me apresento aqui como uma alternativa… Apresento-me como A alternativa. Jovem, é um facto, mas verdadeira, sincera, justa. Não por mim, mas por cada centímetro de Rio Meandro, por cada pessoa desta terra!”, afirma, sendo ovacionada por Amélia, Mónica, Dieter, Luísa e outros populares. O pai de Afonso também aplaude, mas a gozar com ela. E acaba por começar a arrasá-la: “Parabéns pelo discurso, muito emocionante. De facto a candidata é um doce de miúda, nota-se que tem boas intenções. Mas infelizmente isso não chega. A política não funciona só com intenções, funciona com ações… E não vou estar aqui com grandes coisas , porque o que é facto é que todos nesta terra me conhecem. Tenho trabalho feito, tenho provas dadas pelo progresso de Rio Meandro. Há quantos anos sou presidente desta terra?”, indaga, com a rival a ripostar que ele nunca teve concorrência: “Sabe, cara candidata… Quando tomei posse pela primeira vez, só existia uma estrada alcatroada em Rio Meandro. E quando digo ‘alcatroada’, digo tão esburacada que fazia corar a faixa de gaza. Durante o meu primeiro mandato, alcatroei mais seis! E ainda construí um troço de acesso. Nos mandatos seguintes requalifiquei a escola secundária e o centro de saúde! Angariei verba para a construção de um polidesportivo… Está a tomar nota?”, pergunta, mas a advogada não responde: “Ao contrário do que a Mia me acusa, conheço bem a gente da minha terra – já cantava a outra. Mas conheço ainda melhor as necessidades de cada um e não admito que nada nem ninguém ponha isso em causa. Esta é a minha terra! A minha casa!”, grita, reiterando que responde às necessidades do povo. A discussão instala-se: “E do que é que é feita a história? De mudança! De evolução! É isso que trago a Rio Meandro! O que está a tentar fazer é errado, a Mia está a tentar incutir medo às pessoas! Medo de mudar para melhor!”, acusa o político, insistindo: “Está a dizer às pessoas que o caminho mais fácil é o do comodismo, do medo! Da estagnação! Mas não! O caminho é para a frente, por um Rio Meandro melhor, maior e que se torne numa referência do nosso país! É isso que eu quero e é isso que vou fazer, se me deixarem! Sempre e para sempre! Obrigado!”, finaliza. Os populares batem palmas e Mia sente-se derrotada. É Dieter quem se revolta e Dulce é obrigada a pedir-lhe que se acalme. Mónica e Mia vão se embora e Afonso vê tudo, apreensivo.
Já em casa, Mia desabafa com o pai e com a mãe. “Não devia ter aceitado fazer o debate… Devia ter dito que não! Estúpida!”, queixa-se. A jornalista diz-lhe que não correu assim tão mal: “Estás a exagerar. Se queres que te diga, até foi muito equilibrado. O inicio correu-te muito bem, e tendo em conta o pouco tempo que tiveste…”. “O que é que interessa se comecei bem? O que importa é que acabei mal, é disso que as pessoas se vão lembrar”, lamenta a candidata. Paulo ainda diz: “As pessoas não são parvas, filha… E tens é de estar orgulhosa… Já és uma vencedora”. Mas ela não quer vitórias morais e sai para o quarto, arrasada.