Já falta muito pouco para Maria cometer uma loucura. Desde o início da trama que a irmã de Olga mostra ser uma mulher desequilibrada, mas agora vai chegar a um ponto crucial na sua história. E tudo acontece após uma conversa com Zé Luís.
Sentindo-se cada vez mais culpado, o públicitário admite que tem sido um péssimo marido e que falha em todos os campos e não a consegue fazer feliz. “Não! Gosto de ti. Gosto muito do meu marido. Gosto do nosso amor… Andas mais distante por causa do trabalho. É natural”, justifica ela. Mas ele não se cala: “Tenho sido mau na cama, não quero outro filho; não te dou a atenção que tu mereces… parece que estou sempre contra ti. Quando nos casámos, o meu grande objectivo era fazer-te feliz. Tinha um plano… só que falhei redondamente! … Nem sempre os bons planos implicam bons resultados…”, acrescenta. Triste, Maria insiste: “Já disse que sou feliz! Sou muito feliz contigo. Não se fala mais nisto”, afirma, reparando num copo de whisky e percebendo que o marido bebeu demais. “Se tivesses casado com outro eras mais feliz. De certeza. Desculpa, Maria”, pede. Ela desaba a chorar e pede-lhe que não beba mais. “Devia pôr-me de joelhos à tua frente, todos os dias, e pedir, rogar perdão… Tento. Há anos que tento mas o meu melhor não chega para ti”. “Não pedi nada, não preciso de nada…estou bem assim…”, solta a dona de casa, vendo o marido a vestir o casao para sair. “Onde é que vais? Não me deixes, não me abandones… eu mudo… eu faço o que for preciso…”, suplica. “Vou espairecer”, diz ele, saindo em seguida. Arrasada, Maria senta-se no chão a chorar compulsivamente.
“A mãe morreu?”
Pouco tempo depois, Constança vai ao quarto da mãe para lhe dar as boas noites e fica em choque ao vê-la deitada na cama de barriga para baixo. Aflita, começa a chorar e chama por ela, mas não obtém resposta. Começa aos gritos e Francisco vem ao seu encontro, perguntando o que se passa. “Morreu? A mãe morreu?”, pergunta o menino. A irmã não sabe o que responder e diz-lhe para telefonar para o 112. Constança não tem mais forças para abanar Maria e continua num pranto. “Não faças isto, mãe… Não me deixes…”, pede. Assustado, Francisco pega num jarro de água e atira-o para a cara da progenitora, que acaba por abrir os olhos, mas fecha-os de novo. “Faz com que ela abra os olhos. Não a deixes morrer”, suplica o neto de Sérgio, enquanto a irmã o olha, crítica, até que a mãe, ainda bêbada começa a despertar. “O que é que aconteceu?”, pergunta. “Chamei-te para acordares… o que foi? Fala comigo…”, riposta a menina, enquanto a mãe dispara: “O pai já não gosta de mim”. E os filhos entreolham-se, magoados. Nesse instante, o operador do Inem atende a chamada e Francisco tenta explicar que já não é necessário ajuda, mas este insiste para colocar o telemóvel em voz alta para falar com a vítima. Maria está furiosa e disfarça: “O meu nome é Maria Rosa Lobo Trindade, sou a mãe do Francisco, lamento muito que ele tenha incomodado. Tive uma baixa de tensão, ele afligiu-se. Mas está tudo bem. Ficamos então assim. Obrigadíssima pelo cuidado”, afirma, desligando a chamada. Os filhos dizem-lhe que apenas ficaram preocupados e ela tenta disfarçar pedindo-lhes ajuda para se levantar.
Ja na casa de banho, os dois meninos amparam a mãe até à banheira, para que esta tome banho. Pouco depois, o operador do inem telefona novamente para Francisco, querendo saber o que se passa com Maria e ele justifica: “A minha mãe bebe. Às vezes fica a dormir mas hoje parecia morta. Por isso é que liguei. O meu pai vive connosco, mas não estava. Eu acho que a minha mãe bebe porque está triste. Disse que ele já não gosta dela…”. O operador pergunta-lhe então se a mãe é vítima de violência doméstica e o menino nega.
Enquanto isto, Constança fala com a mãe e pede-lhe que não beba tanto. “O pai não fez nada, o teu pai é maravilhoso. Devo ter dito um disparate qualquer… é o que dá misturar coisas… O pai e eu temos um casamento muito bom, óptimo, invejável, excelente… mas o pai trabalha muito e, às vezes… a casa fica demasiado grande só para mim…”, admite a filha de Ana. “Nós estamos aqui, mãe… O Francisco e eu… não estás sozinha…”, prossegue a rapariga, abraçando a progenitora.