É a grande surpresa da CNN Portugal. Judite Sousa, 60 anos, foi convidada para integrar a forte aposta do grupo Media Capital, detentor também da TVI, para a área da Informação e aceitou, depois de mais de dois anos longe dos ecrãs. “CNN Portugal. Estamos Juntos”, publicou nas suas redes sociais, anunciando oficialmente o seu regresso ao jornalismo. No Instagram da CNN Portugal, explicou porque está de volta. “A vida pode colocar-nos perante o desafio da mudança. Não existe um tempo, existem tempos, ciclos que se fecham e que se abrem. Este é um ciclo novo. A maior marca de Informação à escala global vai chegar a Portugal. Sempre vivi para o jornalismo, fiz centenas de entrevistas, fui testemunha dos factos profissionais mais marcantes que fizeram história nas últimas décadas.” A Media Capital corroborou as suas palavras, sublinhando a escolha pelo vasto currículo da profissional. “Com uma longa carreira, a jornalista traz a sua experiência para o mais ambicioso projeto de Informação do País.”
A partir de dia 22 de novembro, Judite Sousa será a pivô às 21 h, o horário nobre da estação, afirmando-se desde já como o principal rosto do canal, uma escolha que a nossa publicação sabe ter partido de Nuno Santos, o diretor-geral. “O facto de ambos terem trabalhado juntos pesou no convite que foi feito. As conversas decorreram ao longo de vários meses para todas as partes se sentirem confortáveis. A Judite é uma marca da televisão em Portugal”, contou fonte do novo canal.
Este acordo entre partes acontece dois anos depois da antiga pivô e diretora-adjunta de Informação da TVI ter saído da estação por mútuo acordo com a entidade patronal, após meses de baixa médica. A própria revelou que, depois de muita ponderação, tinha decidido terminar a sua relação profissional com a TVI. “Foram oito anos que me permitiram, em total liberdade, vivenciar a paixão pelo jornalismo com sentido de dever e responsabilidade ao serviço de uma empresa privada”, disse, agradecendo a todos os companheiros de trabalho que sempre estiveram ao lado dela nos momentos mais delicados da sua vida, que coincidiram com a perda do filho, André Sousa Bessa, e a depressão que se seguiu e não escondeu.
Na altura de assinar a rescisão, aquela que chegara a ser a pivô mais bem paga do País, com um salário de cerca de 27 mil euros quando se mudou da RTP1 para a TVI e que desceu quando a crise se instalou na empresa, trouxe para casa uma indemnização de cerca de 1 milhão de euros, valores milionários para o atual panorama do audiovisual. “Foi um acordo amigável e estou muito tranquila”, afirmou.
Na redação da TVI e TVI24 (este vai dar lugar à CNN Portugal), a notícia do regresso de Judite, ao que conseguimos saber, “foi recebida com bastante surpresa e até algum desconforto, tal como aconteceu com outras contratações, num total de 53”, caso de Ana Guedes Rodrigues, que também já lá tinha trabalhado, mas saiu… Para voltar! A progressão de carreiras, salários e horários de trabalho foram, inclusive, alvo de reunião da Comissão de Trabalhadores (CT) com a administração e os recursos humanos da empresa. O jornal “Correio da Manhã” teve acesso à ata em que a CT lembra que o novo canal “nunca se fará sem os trabalhadores que fazem e fizeram a TVI ao longo dos últimos 28 anos”, sublinhando, ainda, que a ideia de que o mercado tem “perfis novos” pode desmotivar quem lá está. A direção tem outra posição. “A esmagadora maioria das pessoas que veio ganha menos ou, em média, o salário da redação”, assegura. A CT foca, ainda, outra questão: haver só homens nos cargos de direção e chefia numa redação composta maioritariamente por mulheres. “É no mínimo antigo”, ressalva.