É num tribunal de província fictício que se desenrola uma grande parte da ação de “Causa Própria” e nele se destaca a juíza Ana, interpretada por Margarida Vila-Nova, que volta à televisão generalista depois da novela “Na Corda Bamba”, da TVI. “Ela cresceu numa cidade pequena e tem uma relação muito próxima com a população. A cada episódio vai julgando os mais diversos casos até que a cidade é assombrada por um homicídio e ela vê o seu filho envolvido num processo judicial”, começa por contar a atriz, no intervalo das filmagens num hotel de Cascais, onde foi recriada uma sala audiências. “É uma mulher que se pauta pela justiça, firme, correta e este caso vai abalar os seus valores, revelar as suas fragilidades e medos, deixando-a dividida entre o trabalho e a família”, acrescenta ainda sobre a personagem que a transportou para os bastidores dos tribunais. “É muito interessante quando as personagens nos trazem para um universo que desconhecemos e não nos é tão próximo”, confidencia.
Para este papel a preparação dividiu-se entre a ficção e a realidade, como recorda Margarida Vila-Nova. “Vi várias séries policiais, filmes de ação, em especial com mulheres em destaque, independentemente de serem juízas ou não, mas acompanhei algumas sessões em tribunal, no Campus de Justiça [em Lisboa].”
A atualidade nacional tem sido marcada por vários processos judiciais, alguns deles bastantes mediáticos, e a atriz defende que “Causa Própria” é uma série atual. “A justiça está na ordem do dia, somos bombardeados com os casos mais diversos, estaríamos adormecidos se não soubéssemos o que se está a passar à nossa volta.” E a protagonista da nova aposta de ficção da estação pública acrescenta que é interessante saber como tudo se passa nas barras dos tribunais. “Ver como funciona um processo, uma audiência, um julgamento, instruir um processo. É trabalho específico e bastante complexo, mas também falei com uma juíza que nos acompanhou.”
Não ser refém da pandemia
No total são sete episódios e Margarida Vila-Nova partilha o protagonismo com Nuno Lopes, mas há outros rostos conhecidos do público, como Maria Rueff ou Ivo Canelas. “É um elenco de luxo. Tem sido um prazer trabalhar com este conjunto de atores”, realça. A estreia de “Causa Própria”, que se inspira nas crónicas judicias “Levante-se o Réu”, de Rui Cardoso Martins (sendo um dos autores, juntamente com Edgar Medina), está prevista para 2022. As gravações prolongam-se por dois meses com todos os cuidados de higiene e segurança por causa da pandemia, como revela a atriz. “A Covid-19 trouxe uma nova forma de trabalhar e de nos relacionarmos uns com os outros. Felizmente que estou a trabalhar, pois foi um setor bastante afetado, como outros. São novos tempos e prefiro fazer parte da mudança a ficar refém de uma pandemia.”
A atriz pretende gozar alguns dias de férias com os filhos, Martim, de 13 anos, e Dinis, de 9, frutos do seu casamento, já terminado, com o realizador Ivo M. Ferreira, e depois do verão vai regressar aos palcos. “Houve vários projetos que caíram, outros surgiram, sei que regresso ao Teatro de Almada em setembro”, conclui.