Já foram alguns casais de famosos que anunciaram a separação após o período de quarentena. Se o motivo é mesmo o confinamento ninguém sabe, mas segundo Taís Araújo e Lázaro Ramos, não é nada fácil permanecer casado depois da pandemia.
O tema é a história central do próximo episódio da série da Globo “Amor e Sorte”, que tem o casal de atores brasileiros como protagonistas. Em “Linha de Raciocínio”, um casal confinado diverge sobre uma questão ideológica que descamba numa grande discussão que é ampliada pelos nervos à flor da pele. A série é exibida aos sábados, às 23h10, na Globo.
A gravação integralmente remota é um dos destaques deste e dos demais episódios da série a serem exibidos. No episódio, Lázaro Ramos e Taís Araújo interpretam Cadu e Tabata. Além da atuação em si, o casal atores teve de realizar muito mais tarefas do que estudar e interpretar as personagens, como geralmente fazem.
Como foram os bastidores da gravação de ‘Amor e Sorte?
Taís Araújo – Eu posso ter ficado cansada, mas eu sabia que ia dar certo o tempo todo. Chegaram caixas e mais caixas na nossa casa que precisaram ser higienizadas. Muita gente trabalhou para isso. A minha certeza de que ia dar certo é que o Lázaro sabe mexer nas coisas, porque eu não sei mexer em nada. Se não tivesse ele, não sei como seria. Nós conseguimos ter uma noção dos bastidores. Nossos filhos ficaram metade do processo com a gente e, como eram cenas noturnas, a gente colocava eles para dormir e, de vez em quando, ou um ou outro aparecia no meio.
Lazaro Ramos – Eu acho que todo mundo queria tanto que desse certo que a gente ficou numa concentração e em um empenho que talvez fosse até maior do que se tivesse todo mundo junto, presencialmente. Eu não achava que ia dar errado mas, às vezes, me perguntava se ia chegar ao final daquele dia. E o que alimentava era o prazer de fazer. A gente se organizou para ensaiar um pouquinho antes e, quando sentíamos que a atuação estava fragilizada, a gente pedia para fazer de novo.
Identificaram-se com os personagens de alguma forma?
Taís Araújo – Eu estava no auge da personagem. E fiquei muito encantada. Primeiro pela qualidade porque, em 30 páginas, a gente podia exercitar de tudo, do drama à comédia. E era um drama real, que eu também estava vivendo. A gente ria da gente. Quando conseguimos olhar com um certo distanciamento, conseguimos fazer graça.
Lázaro Ramos – A gente acha que tudo que acontece na série a gente era capaz de fazer na vida. Só na pandemia.
Como têm lidado com a quarentena até agora?
Taís Araújo – No início da pandemia, eu estava muito perdida e fui entender como a minha casa funciona, como seria essa convivência com as crianças e com o Lázaro o tempo inteiro. E eu fui ficando nessa loucura, mas com muito medo. Pelos meus pais, por tudo. Mas hoje eu estou muito mais tranquila emocionalmente com a casa e com meus filhos. Entendo os meus períodos de ficar sozinha e os de Lázaro também.
Lázaro Ramos – A gente nunca tinha parado para notar como é a nossa dinâmica, nossa rotina, mesmo com 16 anos de casados. E a mesma coisa com os nossos filhos. Nunca conhecemos tanto os nossos filhos quanto agora, tanto as forças quanto as fragilidades. E aí são expostas, também, as nossas forças e fragilidades. Eu acho que a dica da quarentena é saber calar e escutar, porque pandemia não é hora de ter DR. Ninguém está em seu estado natural. Acho que quem passar a pandemia e continuar casado não separa nunca mais.
Como foi trabalharem juntos novamente, mas numa situação totalmente nova?
Taís Araújo – A gente já tinha feito par romântico algumas vezes. Esse trabalho veio para fortalecer a nossa relação. Foi uma oportunidade de redescoberta do que a gente podia fazer. Temos a sorte de conseguir trabalhar junto, e essa série, neste momento, veio para nos fortalecer. O resultado desse trabalho ajudou a ficar no eixo. Estávamos muito angustiados, muito à deriva nesta quarentena. Agora, parece que virou uma chave.
Lázaro Ramos – Temos uma relação em que o nosso trabalho só nos faz bem. Acho que a gravação de ‘Amor e Sorte’ foi a nossa virada de humor. Costumamos ser muito envolvidos pelos projetos que fazemos. E esse é muito especial por causa do texto do Alexandre Machado. O texto é muito inteligente porque o Alexandre tem o jeito de ver comédia, de ver o mundo e de ver os casais. Digo, sem sombra de dúvidas, foi um dos trabalhos mais prazerosos que eu já tive ao longo desse tempo todo na Globo.