Devido a um comentário que Hélder fez, nesta segunda-feira, dia 11 de Maio, e que, inclusivamente, despertou as mais variadas reações nas redes sociais, a produção do “Big Brother” decidiu penalizar o participante de Santa Maria da Feira. De recordar que, numa conversa casual com uma colega, Hélder proferiu as seguintes palavras: “Eu prefiro ser mulherengo do que ser…” Apesar de não ter concluído a frase, ficou explícito que Hélder se referia a Edmar, concorrente com uma orientação assumidamente homossexual.
Certo é que, após o sucedido, a indignação dos portugueses obrigou a que Cláudio Ramos, o apresentador do programa, saísse de sua casa quando não estava previsto – de salientar que o anfitrião apenas dá a cara pelo formato nas galas, que decorrem aos domingos – para anunciar a punição.
“Vou ter uma conversa consigo que, sou muito sincero, não gostava de a ter… Mas antes de ter esta conversa consigo, gostava muito que olhasse com atenção para umas imagens…”, começou por dizer, esta terça-feira, 12 de maio, na emissão das 19 horas, confrontando o nortenho com um excerto da conversa que ocorrera na véspera.
“Se não tivesse a Soraia consigo na conversa, a conversa tinha ido até onde? A Soraia travou-o…”, comentou o apresentador, adiantando que a postura de Hélder aponta para um comportamento homofóbico.
“As pessoas não estão a perceber (…) Adoro esse tipo de pessoas”, retorquiu Hélder, imediatamente interrompido por Cláudio Ramos, que, uma vez mais, não gostou do discurso do participante: “Não se refira a esse tipo de pessoas, por favor. Eu não sou um tipo de pessoa, sou uma pessoa”, advertiu o apresentador, que não compreendeu por que motivo Hélder não gosta “de dizer a palavra homossexual”. “Não tenha medo da palavra. A minha filha, se tiver de dizer a orientação do pai, diz que o pai é homossexual”, atirou Cláudio Ramos, tentando desmistificar preconceitos na cabeça do concorrente e frisando que toda a sua postura “magoa as pessoas”.
Antes de anunciar a punição, Cláudio Ramos também mostrou imagens de Helder e Jessica do dia em que entraram na casa, nas quais o concorrente fez piadas consideradas sexistas em relação à colega.
O Big Brother emitiu o parecer final: “No ‘Big Brother’, as atitudes sexistas, homofóbicas xenófobas e racistas são inadmissíveis, tal como na nossa sociedade. Todas estas transgressão são delitos graves e a que o ‘Big Brother’ jamais poderá fechar os olhos. (…) Hoje, Portugal acordou extremamente revoltado com o seu comentário. (…) Como não posso deixar passar esta sua atitude em branco vou dar aos portugueses a oportunidade de decidir se querem que o Hélder permanece no jogo ou que seja expulso. A votação começa agora e todos saberemos o resultado na gala de domingo.” O concorrente de 39 anos, está, assim, nomeado e sujeito à decisão final do público. Veja no vídeo a reação de Helder.
Já ao final da noite, também Nuno Santos, diretor de programas da TVI, reagiu. Leia, de seguida, as palavras que assinou no Instagram,
“Vai por aí uma grande discussão sobre se, confrontada com um comentário onde a discriminação sexual existiu, a TVI fez bem ou fez mal, exagerou na dose e – velho pecado – foi à ‘procura de audiências’. Sejamos claros: o concorrente Hélder para defender o seu estatuto de “mulherengo”, sublinhou que, antes tal, que ser como um outro concorrente de orientação sexual diferente.
Nas sociedades ocidentais estas graçolas boçais que sempre visam os que são diferentes, os que estão mais expostos, tantas vezes mulheres ou crianças, já tiveram um preço muito elevado.
Não, o Hélder não foi fisicamente agressivo, tentou até ser subtil no seu comentário, tê-lo-á feito como exibição da sua masculinidade. Mas, ainda que assim fosse, ainda que assim seja, o tema não tem relevância?! Era imperativo mostrar e contextualizar a situação – aliás exibida em direto – e aplicar as regras.
São as regras de um programa de televisão, mas refletem a lei e o bom-senso que, sendo por vezes raro, é quase um super poder.
A TVI fez o que devia fazer. Qualquer outra atitude poderia ser entendida, até mais elogiada, mas nunca seria adequada aos tempos em que vivemos.
Estamos em 2020.”