Engordar foi para muitos um dos grandes males do confinamento. Mas para outros foi também a altura certa para dizer adeus aos quilos a mais. Com 1,88 m de altura e 100 kg de peso, Diogo Caramujo, de 36 anos, sentia-se pesado e pouco ágil. Freelancer na área do audiovisual, viu-se fechado em casa com o filho, que na altura tinha quase 3 anos, e obrigado a mudar grande parte das suas rotinas para tomar conta dele. “Fazia grandes noitadas em frente ao computador, de manhã também quase só me mexia se tivesse de sair para fazer alguma reportagem. E com o miúdo a pé a partir das 6.30 h comecei a perceber que me faltava energia para estar, brincar com ele. Eu era um falso magro, não tinha uma grande barriga, mas tinha peso a mais, atar os sapatos já era difícil. O confinamento ‘obrigou-me’ a estar mais com o meu filho, que, como todas as crianças, tem muita energia e não o conseguia acompanhar. Dei-me conta que não era nenhum dos exemplos que queria ser para o meu filho”, recorda. “O primeiro passo foi tentar ter uma alimentação mais equilibrada e cortar com alimentos como o pão, batatas fritas, refrigerantes… e substituir tudo por grelhados e legumes. Nas primeiras duas semanas perdi cerca de 4 kg”, acrescenta. A grande mudança foi quando começou a andar de bicicleta com o filho, numa cadeira que já tinha montado para ele e sem preocupações com os quilómetros percorridos ou calorias gastas. E foi quando decidiu instalar a conhecida aplicação Strawa que percebeu que a “voltinha” que entretanto se tornou diária já chegava aos 20 km e sempre a contar com mais 17 kg do filho às costas. Diogo tinha ganho resistência, massa muscular e percebeu que era capaz, sozinho, de fazer voltas maiores na serra do Montejunto (perto de onde vive) e dos 20 km passou aos 40 e hoje, além da meta de 200 km semanais, também já participou em provas de BTT e arrastou alguns familiares e amigos nesta paixão. Segundo Diogo, “o Manel ganhou um exemplo em casa de uma vida saudável e da prática de desporto; ele já aprendeu a andar de bicicleta e já vamos os dois, lado a lado, fazer uma voltinha”, conta, orgulhoso dos 18 kg perdidos em quatro meses a andar de bicicleta e a fazer uma alimentação saudável, o que não implica deixar de beber a sua cerveja ou de desfrutar de uma boa feijoada.
Documentário sobre rodas
Apaixonado e profissional de fotografia e vídeo, Diogo criou um canal no YouTube, “O Ciclista Improvável”, onde partilha não só a história da sua perda de peso sem qualquer ajuda profissional mas também os seus trilhos diários, desafios sobre as duas rodas…. O mais recente foi percorrer a mítica Nacional 2, na companhia de um primo e que deu origem ao espetacular documentário “738 KM Nacional 2”. “Fizemos essa estrada em seis etapas, durante seis dias. Sabia que estava fisicamente preparado para esta aventura, não contávamos era com o alerta amarelo que surgiu entretanto e, ao contrário dos 30 graus previstos, fizemos a etapa até Chaves debaixo de chuva torrencial e ventos de rajada que quase nos obrigaram a desistir. Ao longo do percurso, fomos recebendo o apoio e carinho das pessoas sempre que íamos carimbar o passaporte [ver documentário]. Uns davam-nos roupa, outros bebidas quentes e diziam-nos para não desistirmos”, lembra, emocionado. Quer voltar a repetir a aventura, mas, agora, de carro e com a mulher e o filho.