Indiciado por “sequestro, confinamento ilegal ou detenção arbitrária de um menor de 15 anos”, Nordah Lelandais, 34 anos, está preso preventivo, por suspeita do sequestro de Maëlys. A procuradoria de Grenoble diz que apareceram provas que contradizem a primeira versão que este homem deu ao juiz de instrução criminal. Confrontado com as inconsistências do seu testemunho, voltou a negar ter cometido o crime e ficou em prisão preventiva.
Maëlys Araújo
Tem 9 anos, 1,30m de altura, 28 quilos de peso, a pele morena, os olhos castanhos e os cabelos escuros até meio das costas. Quando desapareceu estava com um vestido branco e tinha uma trança enfeitada com uma flor branca. De origem portuguesa, está desaparecida desde 27 de Agosto, altura em que estava com os pais numa festa de casamento em Pont-de-Beauvoisin, a 85 quilómetros de Lyon, sudeste de França.
Muitas contradições suspeitas
Nordahl ausentou-se da festa na mesma altura em que a menina deixou de ser vista. 3 horas da madrugada de 27 de Agosto. Altura em que o seu telemóvel passa a dar sinal de desligado e mudou de roupa. Explicou à policia que saiu do casamento precisamente para mudar de roupa, alegando ter os calções sujos de vinho. Mas não soube dizer onde os deixou. No dia seguinte lavou o carro. Alvo de cuidados especiais de limpeza, o porta-bagagens do A3 foi limpo com um poderoso produto químico, habitualmente usado para tirar manchas nas jantes dos automóveis. Este produto afecta o olfacto dos cães. Nordahl é criador de cães. Explicou às autoridades que limpou o carro porque queria vendê-lo. O jornal “Le Dauphine” conta que o suspeito apresentava arranhões num braço e num joelho. Feridas que o homem diz ter feito dias antes, a apanhar framboesas. A sua mãe desmente esta versão, dizendo não ser hábito do seu filho fazer esse tipo de trabalho.
ADN
Novos indícios, novo interrogatório. Primeiro Nordahl negou ter visto a menina, depois, confrontado com a recolha de vestígios do ADN de Maëlys Araújo no seu Audi A3, admitiu que a menina esteve com outro “menino loiro” no banco de trás para ambos verem os cães de que é dono. Acontece que os vestígios de ADN foram recolhidos pela polícia francesa na parte da frente do A3, entre o volante e a porta do condutor, junto ao painel de instrumentos. Sobre o outro “menino loiro” e outros detalhes, os polícias interrogaram cerca de 250 pessoas. Entre as que estiveram na festa e outras que de alguma forma cruzaram aquele espaço físico. A 8 de Setembro a polícia anunciou que o “menino loiro” nunca existiu.
Buscas em casa
Preso a 3 de Setembro, Nordahl acompanhou no dia seguinte as buscas e perícias feitas na casa onde vive com os pais e no jardim, feitas pelos investigadores criminais e peritos forenses, na presença de dois juízes de instrução. A casa fica no sudeste de França, em Domessin (Alpes franceses), a poucos quilómetros de Pont-de-Beauvoisin, lugar de onde a menina desapareceu. Os investigadores estão a consultar câmaras de videovigilância instaladas em casas comerciais e privadas, para reconstituírem o percurso que o Audi A3 do suspeito fez na noite do desaparecimento.
Buscas no lago
Os cães-pisteiros da polícia francesa seguiram o odor de Maëlys até um parque de estacionamento e aí perderam-lhe o rasto. A 6 de Setembro, as buscas por Maelys foram alargadas ao lago Aiguebelette e a uma zona de desfiladeiros, designadamente em Gorges de Chaille, a cerca de 12 km da casa do suspeito. A zona tem sido batida por 150 polícias empenhados na operação de buscas, seis mergulhadores, cães-pisteiros da polícia, vários drones e um helicóptero. É sabido que Nordahl passava muito tempo nestes locais, alojando-se numa cabana junto ao lago. Ia lá quase todos os dias, umas vezes com amigos, outras, só com os seus cães. A família do suspeito tem um barco naquele local.