MATOU A EX-MULHER COM 19 FACADAS E FOI CONDENANDO A 21 ANOS DE PRISÃO MAS CONTINUA EM LIBERDADE
Mário Rui Sousa da Silva, de 36 anos, já tinha tentado matar a ex-mulher, Mara, de 32 anos. Foi o filho de ambos, de 9 anos, quem se encavalitou nas costas do pai para evitar que este matasse a mãe. Quando Mário descobriu que a ex-mulher tinha um novo namorado, plantou-se à porta do prédio onde sabia que Mara pernoitara, rasgou–lhe os pneus do carro e esperou. Depois, cansado de esperar, enviou-lhe mais de uma dezena de mensagens escritas, dizendo que o filho de ambos caíra da cama e tinha um hematoma na cabeça.
19 facadas
Cerca das 10 horas, a 14 de Agosto de 2013, Mara sai da casa do namorado preocupada com o menor e é abordada pelo ex-marido. Tenta fugir-lhe, mas o agressor atira-a para o chão e com uma faca de cozinha desfere-lhe vários golpes. A violência é tal que a lâmina da faca se parte. Mesmo depois disso, Mário corta o pescoço de Mara, que ali morreu, no meio da rua, em Chelas, Lisboa. Mário foi detido pela PJ quatro dias depois.
Entra e sai da prisão
Acusado de coacção e de homicídio qualificado, ouviu a juíza sublinhar-lhe que demonstrou “frieza de ânimo” e que não mostrou arrependimento. A 27 Janeiro de 2015, Mário Silva foi condenado a 21 anos de prisão, em cúmulo jurídico. No essencial, os juízes deram como provado que a “violência foi brutal, o dolo foi directo e a ilicitude muito elevada”. O advogado de Mário Silva recorreu da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL).
Excesso de prisão preventiva
Poucos meses depois, o TRL mandou repetir parte do julgamento. Como entretanto se esgotara o prazo máximo da prisão preventiva, Mário foi libertado. Passou o tempo, Mário voltou a ser julgado e voltou a ser condenado a 21 anos de cadeia. A condenação foi posteriormente confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa. Mas a defesa de Mário recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça. Como a Justiça tem tempos próprios, Mário Silva continua em liberdade.
Uma nova vida
Aquele menino de 9 anos foi entregue aos avós maternos. “Nos entretantos”, como se costuma dizer, deste vaivém judicial, Mário arranjou trabalho, arranjou mulher, arranjou maneira de se lhe juntar e arranjou-lhe um filho, ainda bebé. Condenado a 21 anos de cadeia, vai vivendo esta nova vida até que o Supremo Tribunal de Justiça faça as contas que Mário tem para prestar da sua vida antiga…
MATOU OS PAIS COM 50 FACADAS, APANHOU 25 ANOS DE PRISÃO MAS SÓ CUMPRIU 17
Ílhavo, 12 de Agosto de 1999, será a noite de lua cheia e o último eclipse solar do milénio. A meio da tarde, Tó Jó apanha um comboio para Quintãs, perto de Ílhavo, e faz a pé o resto do percurso até casa dos seus pais. É a mãe quem lhe abre a porta, surpreendida. Terão falado de dinheiro e subiram juntos ao 2o andar, onde estava o progenitor. A conversa azeda e António Jorge Machado esfaqueia 33 vezes o pai. A mãe corre, mas Tó-Jó persegue-a e, já no exterior da casa, desfere duas dezenas de facadas nela.
Confissão
Cedo a PJ acreditou que o duplo homicídio tivesse sido cometido por alguém de casa. O único filho do casal é o principal suspeito. Tó-Jó foi detido a 16 de Agosto e confessou ser o autor da morte dos seus pais. Depois, conduziu a polícia ao local onde abandonou o carro dos pais e a arma do crime.
Crime satânico
Por esta altura, a PJ admite a possibilidade de virem a ser identificados outros suspeitos. Além das razões económicas, os investigadores desconfiam de “eventuais ritos satânicos”. O facto dos crimes terem ocorrido poucas horas após o último eclipse solar do século e dos suspeitos integrarem um grupo de “death metal”, cujos textos referiam estas práticas, ajudam. A PJ encontra vários textos de natureza satânica nos pertences de Tó-Jó. O médico que o examina afirma que ele é imputável e que pode voltar a matar.
Condenado
Em 2001, a sua mulher e um seu amigo sentam-se no banco dos réus acusados de duplo homicídio. Contra eles estava a convicção da PJ e os vestígios de ADN encontrados na vivenda. Foram absolvidos e Tó-Jó acabou condenado, em Abril de 2001, a 25 anos de prisão em cúmulo jurídico.
Libertado
O recluso tem 40 anos e um “irritante excelente comportamento”, que em nada se coaduna “com o macabro crime que cometeu”. A expressão é de um guarda prisional de Coimbra que a disse ao jornal “Observador”. Tó-Jó fez limpezas, esteve na biblioteca e na sala de música. Fez um curso de Inglês, teve aulas de desporto, frequentou um curso superior de Contabilidade e na Universidade Aberta esteve matriculado em Marketing e Negócios Internacionais. O Tribunal de Execução de Penas considerou estarem reunidas as condições necessárias para a sua liberdade condicional, por ter apoio familiar e se mostrar arrependido. E, assim, António Jorge Machado, depois de ter sido condenado a 25 anos de prisão, pelo homicídio dos seus próprios pais, foi libertado 17 anos depois, a 7 de Março de 2017. A liberdade condicional vigorará até 2024.
MATOU 7 PESSOAS, FOI CONDENADO A 20 ANOS DE PRISÃO, MAS SÓ CUMPRIU 14
Às primeiras horas da madrugada de 2 de Março de 1987, Vítor Jorge cometeu o maior homicídio em massa do Portugal contemporâneo. Contínuo de uma agência bancária da Marinha Grande e fotógrafo amador, matou a mulher, Carminda, a filha mais velha, Anabela, a sua amante, Leonor, e mais quatro pessoas a tiro de caçadeira e pistola, à facada e à paulada. Poupou a filha do meio, Sandra (14 anos), para que esta tomasse conta do filho mais novo, Manuel (10 anos). Matou, fugiu e foi capturado três dias depois. Quando foi casso, pediu que não o matassem.
Porquê?
Educado à pancada, passou toda a infância a assistir ao desfile de clientes que a mãe recebia. Como não havia mais quartos lá em casa, deitava-se num canto e fechava os olhos virado para a parede, de costas para a agitação vivida na cama da progenitora. Ouvia gemidos e gritos de prazer e não conseguia adormecer. Ouvia homens a arfar. E ouvia-os a esbofetear a mãe. Percebe-se que foi assim que cresceu o Vítor Jorge ao ler o diário que começou a escrever a 3 de Maio de 1985.
De 20 a 14 anos de prisão
No seu julgamento, o homicida da praia do Osso da Baleia, como ficou conhecido Vítor Jorge, disse não querer voltar a ser livre, pois voltaria a matar. Em 1987, foi condenado a 20 anos de prisão. Prisioneiro exemplar, fez de acólito na missa, dirigiu um coro de reclusos, estabeleceu relações amigáveis com diversos reclusos, de tal forma teve bom comportamento que foi recompensado com 12 saídas precárias.
Liberdade e caos
Saiu definitivamente numa quarta-feira de Setembro de 2010, do Estabelecimento Prisional de Coimbra, onde cumpriu 14 anos e meio de prisão. Vítor Jorge assentou arraiais em França, vivendo com Christine, 45 anos, assistente do psiquiatra que o seguiu naquele país. Em liberdade, já fez limpezas no aeroporto de Córsega, deu serventia a pedreiros em França e fez outros biscates em Inglaterra. Relatos há de que Vítor Jorge, que fará em breve 70 anos, depois de sair da prisão já se tenha tentado suicidar uma dúzia de vezes. Irónico. Aquele que conseguiu matar sete pessoas numa noite não se conseguiu matar a si próprio…