Detido em Paris depois de ser confundido com um terrorista, Heitor Lourenço, de 47 anos, foi questionado durante cinco horas. No final, o interrogatório foi oficialmente encerrado com as assinaturas do documento “Processo-Verbal” pelo ator português e pela chefia da brigada da PJ francesa, Dominique Plot. A tvmais teve acesso ao documento e revela as perguntas que foram feitas pela forças de autoridades e as respostas que Heitor Lourenço deu:
“Encontrava-me a bordo do vôo TO 3416 da companhia TRANSAVIA, cuja partida estava inicialmente prevista para as 17.15 h, com destino a LISBOA, quando os passageiros a bordo ter-se-ão sentido incomodados por eu, supostamente, estar a ler textos em árabe, traduzidos em português, que falavam sobre morte.
PERGUNTA: O que lia a bordo do avião?
RESPOSTA: Estava a ler um livro chamado “The Path of the actor” (“O Caminho do Ator”), de Michael Chekhov. Depois comecei a leitura de dois textos budistas.
Q: Que textos eram esses?
R: Tratam-se de textos intitulados “Clearing the Obstacles of the Path” (“Desvendar os Obstáculos do Caminho”), e são inspiração budista. Estava a lê-los no meu tablet e de forma silenciosa.
Q: Lia, nesse momento, um outro texto na língua árabe?
R: Não, não tenho qualquer texto na língua árabe.
Q: Conhece a língua árabe?
R: Não. Não sei falar ou ler árabe.
Q: Como explica as acusações que foram feitas contra si?
R: Eu tenho duas explicações: Em primeiro lugar, eu lia no meu tablet, que estava visível para quem estava a meu lado. Esses textos estão redigidos numa língua asiática, em sânscrito e em tibetano. Essas línguas não são escritas com o nosso alfabeto. É possível, por ignorância, que as pessoas tenham acredito que se tratasse da língua árabe.
Em segundo lugar, como sou um ator conhecido no meu País e se as pessoas que disseram que me viram proferir essas palavras sobre morte em árabe são portuguesas, tal poderá dizer que a denúncia foi feita para provocar esta situação caricata.
Q: Foi igualmente reportado por testemunhas que tinha um pêndulo…
R – Trata-se de um cronómetro que, no início sobre o tablet. Fi-lo porque o meu mestre budista pediu-me para fazer duas horas de prática quotidiana, leitura ou meditação.
Q: Fale um pouco da sua profissão e da sua notoriedade em Portugal
R: Sou ator. Trabalho em televisão, cinema e teatro. Atualmente, a série mais conhecida em Portugal chama-se “Bem-Vindos a Beirais” e eu tenho um dos papéis principais. Sou conhecido em Portugal.
Q: Lê textos de inspiração budista. Pode falar um pouco mais sobre esse aspeto da sua vida?
R: Eu sou budista. Há práticas que faço, como a meditação, a leitura de textos, a reflexão interior. E já tive a oportunidade de conhecer o Dalai Lama.
Q: Tem mais algo a declarar?
R: Nunca li textos em árabe que falam sobre morte. Houve realmente uma grande confusão por parte das pessoas que dizem terem ouvido isso.”
Saiba mais sobre este caso na tvmais desta semana, já nas bancas!