Sofia Ribeiro recorda dia mais difícil da sua vida, volvidos 7 anos do dia em que recebeu o diagnóstico de que tinha cancro da mama.
“Tenho uma difícil notícia para vos dar… Pelo carinho, amizade, e apoio que sempre me deram, sinto que devo fazê-lo na primeira pessoa. Eu, sem luzes, sem maquilhagens. Apenas eu a Sofia. Dia 13, sexta-feira 13, deste novembro, ironicamente no meu número e dia da sorte foi-me diagnosticado um cancro da mama. Não há forma fácil de o dizer. É esta a verdade”, escrevia a atriz no dia 24 de novembro de 2015.
Atualmente, e depois de ter apanhado recentemente um susto com a sua saúde, a atriz revelou que está bem.
“Acordei leve, meditei, cuidei dos meus “filhos” fui treinar…Tomei pequeno almoço, fui aos correios, ao técnico de informática, ao supermercado, tive uma reunião, fiz o almoço, estive a escrever, tive aula de espanhol, fiz o jantar, uma mala de roupa e agora vou-me deitar. Aaah, dancei à chuva, Portugal ganhou, o Brasil também e eu estou genuinamente feliz!!!”
Ao Holofote, Sofia Ribeiro, que recorda, agora, o dia mais difícil da sua vida, falou em exclusivo, respondendo a todas as perguntas que lhe foram feitas sem medo nem reserva.
Entrevista
Fez uma partilha muito emotiva nas suas redes sociais, depois de uma ausência notada. O que a fez fazê-lo? Sentiu o peso do cancro sobre si outra vez?
Todas as mulheres sentem o peso do cancro da mama, pois cada vez há mais informação e é cada vez maior o número de casos nas mais variadas idades. Não é peso, é medo. Medo de tudo o que esta doença representa, dos lugares frágeis onde toca: a feminilidade, a fertilidade, o cabelo, a imagem, a aceitação. No limite, medo de um desfecho menos feliz! A verdade é que mesmo no finais felizes, até chegar lá, é tremendamente duro e traumatizante. Então, se dá medo a quem ouve apenas falar de cancro, imaginemos o que é para alguém que já passou por todo o processo. Há quem lide melhor, pior, mas quem fique indiferente, quem não tenha medo, não há. É um trauma e deixa marcas para a vida. É preciso encarar e aceitar. Esse é o primeiro passo. O desafio maior é encontrar formas de minimizar a angústia e ansiedade que ele provoca. Foi o que fiz.
Que sinais de alarme a levaram a procurar o seu médico oncologista?
Da primeira vez, estava a fazer apalpação no banho, o auto exame, e tinha um caroço na mama esquerda. Desta vez, não procurei um médico oncologista, tenho um. Um doente oncológico não deixa de o ser mesmo que não haja sinais de doença no seu corpo. É acompanhado para a vida toda. No caso, fui a um fisioterapeuta que me disse, mediante o meu histórico e as queixas que tinha na lombar, clavícula e braço esquerdo, para falar com o meu médico. Foi o que fiz e seguiu-se uma bateria de exames que, felizmente, terminou em alegria.
De que forma avaliou a sua vida no impasse da chegada dos resultados?
Foi a semana mais longa da minha vida. Tive medo de voltar a passar por algo semelhante. Fez-me avaliar tudo, mais uma vez, de forma ainda mais profunda. Estava numa fase emocional em que me sentia triste, desiludida, sem a energia e a alegria de viver que me caracteriza. Sem me aperceber bem, estava a deixar-me levar por essa tristeza. Este susto foi uma chamada de atenção. Não foi ao acaso. Veio para me relembrar do quanto me custou o caminho até aqui. Não que me tivesse esquecido, é impossível. Mudei a minha vida desde que fiquei doente, tomei consciência da importância de uma vida mais equilibrada, física e emocionalmente. Pratico desporto, tenho uma alimentação bastante saudável, faço terapia, ioga, meditação. Ainda assim, sou humana. Nem sempre é fácil não nos deixarmos contaminar por pessoas tóxicas, pelo ruído à volta, pelo stress, frustrações, desilusões. Ainda para mais, quando as minhas referências de infância tinham esse padrão.
É uma aprendizagem diária?
É, mas sinto que estou no melhor caminho. Este susto serviu para me recolocar no eixo e dar uma maior consciência de que não nos podemos levar ao limite por nada, nem por ninguém. Porque todas as doenças psíquicas antes de o serem, começam pelo emocional. Moral da história: não nos podemos encolher para tentar caber seja onde for!
Desgosto de amor
Porquê o retiro Heal Me nesta fase? O que significou para si?
Estou cada vez mais desperta para terapias holísticas, para tudo o que desenvolva o autoconhecimento, autocontrolo, gerir melhor o stress e ansiedade, ferramentas que me auxiliem numa vida mais calma e que promovam a paz interior. Este retiro veio na altura certa. Eu já queria fazer há algum tempo, mas nada me despertava vontade. Tinha que ser este, com estas pessoas, neste momento. Foi transformador. Cinco dias, 30 mulheres que não se conheciam, um monte na Costa Vicentina, sem rede, alimentação vegan, sem glúten, sem lactose, acordar às 4.30h para meditar, fazer trabalho energético. Todas juntas, dedicadas a libertar a melhor versão de nós. Significou resgatar-me.
E como está o coração, que parece destroçado?
Destroçado nunca esteve, já não me levo ao limite. Esteve uns meses muito triste, um pouco mais do que devia, mas já não é o caso, felizmente. Neste momento, estou profundamente feliz. Está tudo perfeito! Tenho saúde. Pouco mais importa.
Sem contrato de exclusividade com a TVI, que projetos vêm por aí?
Ainda não posso adiantar nadar, mas no início do ano terei, com certeza, novidades.