Eram inseparáveis quando o Manuel era ainda criança. A Florbela Queiroz levava-o para todo o lado. Foi um menino que teve tudo! Até brinquedos que não existiam à venda em Portugal e que, nos seus tempos de glória, a Florbela trazia ou mandava vir do estrangeiro”, diz quem conhece bem a veterana atriz, de 79 anos, que chora agora a morte repentina do único filho. Manuel João Matias foi encontrado sem vida em casa no dia 9 de maio, vítima de um ataque cardíaco. Os últimos anos não foram fáceis para ambos. Em 2012, a artista processou o filho, assim como a nora, Marília Barros, por maus tratos. Manel (como era tratado) foi condenado a dois anos e meio de pena suspensa. As pazes foram feitas e o editor de imagem da SIC reaproximou-se da mãe nos últimos tempos. Agora que a paz parecia reinar novamente no clã, a atriz e taróloga perde “o único amor” da sua vida. O corpo de Manuel João foi cremado na sexta-feira, dia 13. “A Florbela não quis ver o corpo do filho no caixão. Ela quis ficar com a memória dele alegre e com vida. Está a ser difícil para ela, mas é uma mulher cheia de força”, conta outra fonte próxima da artista. Florbela e Manuel não estavam juntos há várias semanas e o filho tinha combinado ir vê-la ao teatro no sábado, dia 14, no espetáculo de revista que está em digressão pelo País, “Olha que Duas”, que protagoniza ao lado da colega Natalina José.
“Uma parte de mim partiu”
A atriz não quis desmarcar os seus compromissos profissionais e subiu a palco no dia seguinte ao funeral – na sessão em que estava agendada uma visita do filho –, no Grupo Dramático e Recreativo Corações de Vale de Figueira. “Uma parte de mim partiu, mas a outra só sobrevive no único sítio onde sou feliz: no palco”, partilhou, sublinhando ainda: “Quero agradecer aos meus colegas e à [produtora da peça] Sonhos em Cena. O espetáculo foi dedicado ao Manel. Esgotámos e fizemos um espetáculo maravilhoso. Depois dos agradecimentos projetaram uma imagem do Manel e o público aplaudiu de pé. Aí eu desabei”. A atriz, que agradeceu ainda à SIC a homenagem feita ao filho, recusa-se a falar mais sobre esta dura perda. “Sobre o meu Manel não falarei.”
Daniel Oliveira recorda o amigo
“Comigo são 18 anos, a começar na velha Edipim, onde passámos uma vida inteira antes desta. Tímido na primeira impressão e completamente galhofeiro depois disso, o Manel era um artista que não o quis ser, preferiu o tricotado mágico da edição [montagem] e disso uma forma de arte”, partilhou o diretor de Programas da SIC, acrescentando: “Meu Manel, as piadas que são só nossas, hoje têm menos graça”.