O Ministério Público recebeu há dois meses o relatório final do acidente onde Sara Carreira perdeu a vida. Desde então, não foram requeridas quaisquer outras diligências. A TvMais sabe que as duas companhias de seguros envolvidas também já concluíram as investigações
Os investigadores especialistas do NICAV (Núcleos de Investigação de Crimes em Acidentes de Viação) deram a investigação por concluída e o relatório final foi assinado e entregue no Ministério Público de Santarém ainda em Setembro último. Perícias diversas, incluindo as de física e dinâmica, velocidade calculada sobre a velocidade a que cada carro seguia, centralinas, fotografias, relatórios parciais, testemunhos, relatórios médicos, reconstituições feitas, relatórios da meteorologia, condições de circulação da via, enfim, tudo o que envolveu o acidente está plasmado no relatório final da GNR. Desde então nada mais foi requerido pelos magistrados.
Ficha
Autoestrada A1, Km 61, sentido Porto-Lisboa (perto da Póvoa da Isenta). Quatro carros envolvem-se num violento acidente de onde resultam uma vítima mortal e outras três com fracturas diversas. Naquele sábado, dia 5 de Dezembro, pelas 18.35 h era já noite, chovia e a visibilidade era reduzida.
Seguros
A TvMais apurou que também as seguradoras estiveram no terreno e procederam a inúmeras perícias, cálculos, medições e entrevistas aos diversos intervenientes. A companhia de seguros Fidelidade tinha contrato para cobertura dos riscos de três dos veículos envolvidos – Evoque, Fiat e VW Passat – e a companhia Ageas segurava o Volvo V50. Para se apurar quem irá indemnizar quem, incluindo o dano-vida, com a morte de Sara Carreira, há um intrincado caminho a percorrer. O apuramento das indemnizações poderá decorrer no próprio processo-crime, através de um pedido de indemnização civil (PIC), ou num processo cível autónomo.
Teste do álcool só passadas cinco horas e meia
A TvMais sabe que só cinco horas e meia depois do acidente é que o condutor da carrinha VW Passat foi levado pela GNR ao hospital para fazer o teste de alcoolemia. Acusou uma taxa-crime. No relatório consta que mais de cinco horas depois acusou 1,35% de taxa de álcool no sangue (TAS; ver caixas). O resultado do teste do álcool (TAS) condiciona diversas decisões das seguradoras e do tribunal.
Investigação TVMAIS
É hoje sabido que tudo começa com a Volkswagen Passat que circulava na via da direita. A que velocidade circulava? Estava parada? Quem tomou conta do carro após ter sido apreendido? Porque foi feito tão tarde o teste de alcoolemia ao condutor do VW? Porque é que a inspecção pericial foi feita fora do local do acidente? Considerando as condições da via e da meteorologia, a circulação em velocidade excessiva pode ter originado o pior. A que velocidade seguia cada um dos carros envolvidos no acidente? A investigação que a TvMais fez mantém questões diversas que podem mudar a visão jurídica sobre os factos ocorridos naquele sábado de confinamento. O relatório final já entregue ao MP terá as respostas.
Hipótese
A TvMais sabe que há investigadores para quem a hipótese mais plausível é o VW Passat poder estar parado (ou quase) na via da direita. O facto, a ser dado como provado, constituiria uma contra-ordenação (de € 250 a € 1250) segundo o Código da Estrada (proibido parar ou estacionar nas autoestradas). A ser dado como provada esta hipótese, a morte de Sara terá começado numa negligência tida na via da direita da autoestrada, por quem não estava na plena posse das suas faculdades para conduzir.
Estranhas perícias
A TvMais apurou que a inspecção e perícia à VW Passat não foi feita no local do acidente. Foi feita no dia seguinte e depois de este carro ter sido rebocado para um parque. Todas as luzes do carro funcionaram, bem como o motor. Pneus em bom estado, depósito de combustível cheio. Ambos os pré-tensores do cinto de segurança estavam esticados, o que quer dizer que ambos dispararam. Não cabe lá um homem, muito menos alguém com o porte do condutor (1,61 m de altura, com 115 kg de peso). O apoio de cabeça apareceu partido, mas o condutor do VW saiu do carro ileso e até recusou apoio médico.
O filme do acidente
A fadista Cristina Branco entrou na autoestrada A1 em Santarém, no sentido Porto–Lisboa, ao volante de um Volvo V50 (propriedade do seu companheiro), levando consigo a filha de 10 anos. A chuva reduzia a visibilidade, mas os máximos do Volvo iluminavam toda a via da direita. Já próximo da saída para o Cartaxo (ao km 61, perto da Póvoa da Isenta) apareceu-lhe uma carrinha Volkswagen Passat na mesma via. O Volvo chocou violentamente contra a traseira da carrinha, que foi projectada a direito, mais de 40 metros. O carro de Cristina fez um peão e estancou na via central, virado ao contrário do trânsito. A faixa tem três vias. O V50 ficou com as luzes ligadas quando Cristina saiu e recolheu a filha, indo-se acoitar no separador central, convencida que estava na berma. Todo o acidente é visível nas imagens da Brisa, mas não se vislumbra o condutor da VW Passat estacionada na berma de 3,5 metros. Este condutor, cuja volumetria sugere mais de 100 quilos, deambulará de mãos na cabeça durante várias horas.
Segundo momento
Minutos depois, surge o Evoque de Sara Carreira, conduzido por Ivo Lucas. Circula a uma velocidade superior à dos carros anteriores. Sem travagem visível, o Evoque bate de frente no Volvo, levanta voo, faz uma pirueta e cai com o lado do pendura sobre o separador central da faixa de betão. O que terá provocado a morte imediata de Sara Carreira. O Evoque dá mais quatro cambalhotas e estaca 100 metros à frente, atravessado na via da esquerda.
Um Fiat e mais dez
Surge depois um Fiat Marea que evita os dois primeiros carros, raspa de leve no Evoque e vem a imobilizar-se mais à frente já em chamas. O condutor sai ileso. Passam depois dez carros ligeiros e um pesado de passageiros, todos sem tocar em qualquer dos acidentados.
TAS – TAXA DE ÁLCOOL NO SANGUE
A presença de álcool na corrente sanguínea prejudica as capacidades psicofisiológicas e a eliminação é lenta. Em média, o fígado demora uma hora a processar cada grama de álcool. A lei obriga todos os condutores envolvidos em acidentes com feridos graves ou mortos a submeterem-se a testes de alcoolemia e psicotrópicos. O risco de acidente mortal é tanto maior quanto maior for a TAS.
Tony voltou a sorrir
Com uma dor que nunca deixará de assolar o seu coração, o “cantor dos sonhos” tem-se agarrado ao trabalho para se conseguir reerguer. No último ano, esteve dedicado à música e o seu empenho tem dado frutos que lhe voltaram a colocar um sorriso nos lábios. O seu novo trabalho discográfico, “Recomeçar”, já está disponível e reúne uma série de músicas que o artista criou juntamente com a sua equipa, com todo o carinho, para dedicar à sua princesa. Do álbum também faz parte o tema “Para Sempre”, que é a canção do genérico da novela da TVI com o mesmo nome. Nestes tempos em que se refugiou na música para amenizar o sofrimento provocado pela morte da filha, também se focou nos seus espetáculos ao vivo que regressaram e em força! O seu último concerto, na Altice Arena, a 27 de novembro, foi grandioso e inesquecível. Milhares de pessoas estiveram ao rubro ao ouvir as canções mais emblemáticas de Tony, entre elas as Fátimas Lopes (a apresentadora e a estilista), Carolina Patrocínio e Paulo Battista. O espetáculo teve início com uma bonita homenagem a Sara Carreira. Em conversa com o público presente, o cantor pediu doações para ajudar os jovens da Associação Sara Carreira. “Se há uma coisa que vos posso pedir, nem que seja 1 euro, é que doem a esta associação porque é para ajudar crianças que realmente precisam muito”, disse. No dia seguinte, Tony recorreu às redes sociais para agradecer o carinho dos fãs. “Não há palavras para descrever a noite de ontem. Muito obrigado”, escreveu.