Foram a banda revelação portuguesa no início dos anos 80 e a sua história, assim como a dos quatro elementos que a compunham, chegou, finalmente, aos cinemas de todo o País no dia 8 de julho, após vários adiamentos devido à pandemia. As atrizes que protagonizam “Bem Bom” tornaram a assistir à obra no Cineteatro Capitólio, no Parque Mayer, em Lisboa. Ana Marta Ferreira (Laura Diogo), Bárbara Branco (Fátima Padinha), Carolina Carvalho (Lena Coelho) e Lia Carvalho (Teresa Miguel) não esconderam o entusiasmo, tantas vezes adiado, por, por fim, poderem apresentar este filme ao público. As gravações terminaram duas semanas antes de a pandemia chegar a Portugal. “Deixa de ser só nosso e passa a ser de todo o País e, quem sabe, do mundo”, revela Carolina. A mesma opinião têm as colegas Bárbara e Lia: “Foi algo muito especial para as quatro. A história em si já é muito aliciante. Fala muito ao coração das pessoas porque as Doce acompanharam várias gerações”.
Ana Marta espera que a longa-metragem volte a levar o público às salas de cinema e recorda o bom ambiente que todas as atrizes viveram durante os árduos ensaios de texto, canto e coreografia, assim como no decorrer das gravações: “Sempre nos compreendemos bem. Todas temos um bocadinho de mau feitio. Mas houve uma grande união entre nós. Funcionámos logo bem desde o primeiro dia. E transparece para o filme que mostra uma grande amizade entre elas. As Doce precisam de um reconhecimento mundial”. Desde o momento em que começou a ser pensado até chegar, finalmente, aos cinemas passaram-se cerca de cinco anos. “É um alívio gigante. Foi algo que fiz com muito empenho e esforço. Sinto-me realizada”, afirma a realizadora Patrícia Sequeira, acrescentando: “Apesar de a minha exigência ser um pouco cruel comigo mesma. Julgo que com mais condições, mais tempo e mais dinheiro podemos sempre fazer melhor. Não sou daquelas que acha que o filme está perfeito. Penso que está o melhor que consegui fazer dentro do que podia”.
“Fartei-me de chorar”
A única Doce que marcou presença na apresentação foi Helena Coelho, que assistiu com grande emoção ao filme. “Gostei muito! Foi muito emotivo e é um fiel retrato. Claro que há muita coisa que não se viu no filme, mas que sei que poderá ser vista na série [de 7 episódios, cada um de 45 minutos, que a RTP irá transmitir]”, conta, tecendo largos elogios à atriz Carolina Carvalho, que faz de si no filme: “Achei-a fantástica! E o mais engraçado de tudo é que, na vida real, somos de facto muito parecidas. Não só a nível físico, quando eu era mais nova, mas também de feitio”. Lena Coelho não conteve as lágrimas durante a exibição da película, especialmente quando viu representada uma das pessoas mais importantes da sua vida: “Fartei-me de chorar, principalmente na parte em que retratam a minha mãe [a fadista Helena Tavares]. Adorei tudo, mas fico especialmente feliz por alguém a ter lembrado”. Para além dos elogios a “Bem Bom”, a cantora revela que, apesar do enorme êxito que a extinta girlband conquistou, o seu percurso foi marcado por episódios menos felizes. “Acho que as Doce foram sempre muito maltratadas. Pelo público também… Este país mereceu pouco as Doce. Claro que houve coisas boas. Mas fomos, essencialmente, muito maltratadas. Valorizaram-nos pouco! Não se deram conta do nosso esforço, da nossa entrega e da nossa luta”, lamenta a cantora, de 58 anos, acrescentando: “E ainda continuamos a ser um país que não dá valor aos seus artistas. São tratados como uma coisa descartável”. “Bem Bom”, o filme, está por aí num cinema perto de si!
Saiba quais as músicas preferidas delas:
Ana Marta Ferreira: “Quente, Quente, Quente” e “Café com Sal”
Carolina Carvalho: “Jingle Tónico” e “Bem Bom”
Bárbara Branco: “Fora da Lei”
Antestreia do filme “BEM BOM”
Lia Carvalho: “2 + 2”