Aos 60 anos, Hernâni Carvalho está diariamente em dose dupla na SIC, em “Casa Feliz” e “Linha Aberta”. Filho mais velho de um sargento do Exército e de uma doméstica, cresceu em Odivelas e fez a primeira entrevista quando ainda era uma criança, entrou na RTP “sem cunhas”, andou por vários cenários de guerra e doutorou-se em Psicologia Forense para melhor compreender a mente de quem mata por tudo e por nada.
  
O “Linha Aberta” voltou às emissões diárias. Que balanço faz das primeiras semanas? 
É positivo. Tenho uma equipa muito empenhada que se desdobra para conseguir as coisas.  
É uma aposta ganha num horário que está mais competitivo do que nunca? 
Ainda é cedo para dizer isso. Isto ainda agora começou e é cedo para cantar vitória. Já estou como aquele futebolista que dizia que “prognósticos só no final do jogo”.  
É importante o “Linha Aberta” para as pessoas se fazerem ouvir?
Podem dizer o que sentem, denunciarem as injustiças que encontram pelo caminho e apontar o dedo ao que não está bem, por muito que quem manda diga que está bem, mas vamos ao terreno e verificamos que as coisas estão mal.
Daniel Oliveira, diretor de Programas da SIC, disse que “Linha Aberta” herda o legado de “Praça Pública” (programa dos anos 90). Concorda? 
Se ele diz. Penso que herda esse legado da melhor e da pior maneira. Ou seja, da melhor porque as pessoas continuam a encontrar em nós uma forma de denunciarem as coisas. Da pior por causa do peso, da qualidade e do sucesso que esse programa tinha.  

Aos 33 anos, usava bigode e era repórter de “Coisas da Vida”, da RTP

Doutor em psicologia 

Os especialistas em crime, como os de “Casa Feliz” (SIC), às vezes são alvos de crítica. Como reage? 
A opinião dos especialistas é fundamentada em muitos anos de trabalho, estudo e empenho, além de conhecimento da realidade. Não sou apenas um jornalista que dá umas opiniões, eu tenho formação própria, quer académica quer profissional, para perceber melhor os fenómenos da criminalidade. 
Além da licenciatura em Psicologia Forense, fez um doutoramento na mesma área para compreender a mente de um criminoso ou assassino? 
Sim, sem dúvida. Esse doutoramento dá-me conhecimento para tratar certas matérias com a elevação que elas merecem. 
O crime conquistou espaço nos programas da manhã. A que se deve isso? 
Havia jornais nos anos de 1900 que, diariamente, faziam chamadas de capa com crime. Os programas de TV, em Portugal, chegaram tarde e durante muito tempo desperdiçaram a visibilidade que o crime tem junto da opinião pública. O crime está relacionado com a segurança das pessoas e por isso é uma preocupação para elas. Não é importante dizer apenas que “o Zé matou a Maria” mas explicar como se deve evitar, combater e antecipar isso, além de como se agir depois. 
Sentiu que o crime foi, durante anos, olhado de lado? 
Era como se fosse um jornalismo menor. A verdade é que começou a ser feito com profissionalismo, detalhe, investigação e quando os meios de comunicação social começaram a dar mais destaque ficou provado que as pessoas querem saber da matéria. 
Rosa Grilo foi condenada a 25 anos de cadeia pela morte do marido, Luís. É culpada ou inocente? 
O juiz é que sabe. Não vou dizer. Isso é que era bom… 
Mergulha em crimes como o da pequena Valentina às mãos do pai e da madrasta. Como se distancia? 
Não sendo fácil, tenho de conseguir distanciar-me, pois é a minha vida. Tento digerir, ainda que haja casos que me fiquem mais tempo na retina, especialmente quando envolvem crianças.  
Por todo o seu conhecimento e experiência na área criminal, não se perdeu um bom investigador da Polícia Judiciária? 
Não. A polícia tem regras e deontologia próprias. Gosto de ter liberdade para dizer o que penso. 
Voltando à psicologia forense, chegou a exercer? 
Fiz o estágio, tive carteira profissional e exerci durante algum tempo. Mas a minha profissão é ser jornalista e quando se tornou difícil de conciliar as duas coisas, deixei a psicologia. 

Com 40 anos, estava nas montanhas de Timor-Leste com o operador de câmara, Pedro Escoto (à direita)

A Cristina não o convidou

É verdade que a Cristina Ferreira o convidou para a TVI?  
Não. Dou a minha palavra de que a Cristina não me convidou e ela não precisa de intermediários porque tem o meu número de telefone, penso que desde 2006. 
Teria aceite? 
Não sei: ela não me convidou e não consigo responder… 

Na RTP sem “cunhas”

Na infância já dizia que queria ser jornalista? 
A primeira entrevista que fiz foi quando andava no ciclo preparatório. Fui entrevistar uma senhora que tinha assistido à morte do rei D. Carlos I, a dona Laura. Fiz-lhe umas perguntas para a disciplina de História e ainda hoje sou um apaixonado por essa disciplina.
O bichinho do jornalismo começou nessa conversa? 
Na altura não tive consciência disso, mas achei interessante fazer perguntas a uma pessoa que tinha testemunhado um acontecimento histórico. Depois, comecei a participar nos jornais do liceu, nos boletins da paróquia e nos jornais que iam nascendo em Odivelas, até que me apaixonei pela rádio. Então, achei que o meu caminho tinha de passar pela comunicação. Em 1975, estava na Rádio Estudantil.
Aos 22 anos entrou, sem “cunhas”, na RTP? 
É verdade. Entrei na RTP por concurso público. Soube através de pessoas conhecidas e decidi concorrer. Era o que queria e acabei por ficar.  
Quem eram as suas referências na RTP? 
Rui Tovar, Henrique Garcia, Raul Durão, Carlos Noivo, que foi muito meu amigo, e o José Cândido de Sousa, que foi mais do que meu amigo. 
Como foram os primeiros passos na estação pública? 
No controlo de emissão, mas queria era ser jornalista e ir para a redação. O Lopes Araújo disse-me para esperar porque as transferências só eram possíveis ao fim de três anos. Nessa época, já trabalhava como jornalista na Rádio Nova Antena, que foi uma grande escola. 
Na RTP, o que fez até ser repórter de guerra? 
Percorri os cantinhos todos. Estive na agenda do “Telejornal” e depois no próprio “Telejornal”, no “24 Horas” e “Ponto por Ponto”, entre outros. Quando surgiu a oportunidade de fazer reportagem de guerra, fui porque achei que tinha a vantagem de ter sido militar e conhecer bem os quartéis. 
Que memórias guarda do tempo em teatro de guerra? 
Algumas difíceis, como ver o sofrimento espalhado nos sítios onde estive. Já as boas… Por estranho que pareça, na guerra o ser humano também revela o que tem de melhor. Tive oportunidade de testemunhar atos de grande altruísmo e de solidariedade inimagináveis. 
Saiu da RTP para a SIC? 
Estive uns meses a trabalhar para os jornais “O Independente” e “Correio da Manhã”. Mais tarde, convidaram-me para ir para as manhãs da SIC comentar casos de polícia e aceitei. Em 2006, fui para a TVI e fiquei lá três anos. Regressei à SIC e aí me mantenho há dez anos. 

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