Na última semana os feeds do Instagram foram inundados por fotografias a preto e branco de mulheres. Muitas famosas aderiram ao movimento mundial pelo empoderamento feminino, tal como Cristina Ferreira, Tânia Ribas de Oliveira, Catarina Furtado e Sónia Araújo.
“Desafio aceite”, é o que diz o texto que a maioria das mulheres que aderiram ao movimento publicaram. O objetivo é partilhar uma fotografia a preto e branco, com o intuito de exaltar a beleza, a força e as qualidades femininas, independentemente dos padrões de beleza estipulados pela socidade – e foi esta a mensagem deixada pelas famosas portuguesas nas publicações feitas na rede social.
Porém, não se sabe ao certo o real motivo para o movimento ter começado. Há quem acredite que o discurso da congressista norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez tenha gerado a onda de publicações feministas na rede social. Entretanto, Rui Unas chamou a atenção para outra possível origem do movimento.
O ator publicou uma fotografia em preto e branco vestido de mulher. Primeiro fez uma piada com o movimento, para depois falar da motivação real.
“Desafio aceite. Para todos os homens que respeitam mulheres mas que sobretudo ficam umas gatonas com uma maquilhagem básica e que pensam: “fazia-me mas fazia-me bem, sua empoderada e sexy e independente mulherona que sou”
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Agora a sério, vamos ser honestos. As mulheres (e homens) não perdem uma oportunidade se houver uma justificação para partilharem fotos bonitas. Neste caso, a preto e branco. Mulheres de todo o mundo desafiam outras a juntarem-se à causa do “empoderamento” feminino. Nada contra, antes pelo contrário. Entretanto, não é certo que o motivo do início deste movimento tenha sido o feminicídio atroz que acontece na Turquia. Este ano, já foram 27 mulheres vítimas de misoginia. Grupos activistas manifestam-se para que a convenção de Istambul se cumpra e se comece a condenar os agressores e proteger as vítimas. Mas é esta a causa que agora alegadamente se revela da enorme quantidade de fotos de mulheres a preto e branco nas redes sociais (as mulheres vítimas na Turquia costumam ser retratadas a preto e branco nas redes sociais). Infelizmente, Portugal também não é propriamente o melhor exemplo de condenação dos que perpetram estes crimes. Dito isto, seja qual for a motivação mais ou menos informada, mais ou menos genuína, acredito que caminhamos para um mundo menos misógino. É uma inevitabilidade, desde que não paremos de denunciar e criminalizar quem vive ainda em 1950 no que à igualdade de género diz respeito.”
Circula na internet uma outra razão para o movimento ter iniciado: os altos números de feminicídio na Turquia. Na verdade não é claro se o desafio começou mesmo no país, mas ganhou proeminência depois que mulheres turcas começaram a partilhar fotografias em preto e branco para alertar para o problema. O movimento passou a representar as mulheres na Turquia e celebridades internacionais como Jessica Biel e Christina Aguilera mostraram apoio à campanha. Pelo menos 474 mulheres foram assassinadas na Turquia em 2019, de acordo com o grupo de defesa dos direitos da mulher que desenvolveu a plataforma “Vamos acabar com o feminicídio”.